O que a espiritualidade sempre nos fala, nós escutamos, mas nunca de fato compreendemos.

É, amigos. O processo de expansão da consciência é cheio de gatilhos, armadilhas e falsas ilusões. Sempre que a gente se sente conectado, que estamos dando pequenos passos sob as nossas escuridões chega uma onda de momentos desafiadores que nos lembra que nada na vida é linear ou progressivo. A vida é cheia de pensamentos complexos demais para a simplicidade dos nossos sentimentos. Manter a harmonia entre razão e emoção parece algo muito distante para se manter ou sustentar.

Falando como alguém que sempre frequentou lugares religiosos diversos, que está sempre lendo, estudando e desenvolvendo o autoconhecimento, preciso admitir uma coisa muito importante. Da mesma forma que Jesus como tantos outros sempre falaram de amor, a espiritualidade, sempre falou da nossa força interior e nós nunca soubemos de fato compreender. Sabe por quê? A mesma pessoa, casa, livro que te explicou sobre o Universo Interior, foi também a que estabeleceu regras para alcançar o famoso e tão escorregadio equilíbrio.

Se você não praticar a espiritualidade não desenvolve. Se não trabalhar ou receber passe toda semana, vai passar mal. Se não fizer o banho vai continuar azarada. - Esses são pequenos exemplos de crenças limitantes que nos são impostos pela sociedade mas o 
ponto principal dessa narrativa aqui é para falar que a maior fonte de “proteção” que buscamos tanto nas casas de fé está justamente fora delas e de qualquer lugar físico.

Minha história se resume em algo como: nasci diferente, médium. Sempre vi coisas, vultos, cores, ouvia barulhos e por este motivo sempre frequentei centro espírita como uma forma de equilibrar esses fenômenos. Até uma certa idade a gente bloqueia, depois a coisa vai se aflorando e a gente começa a sentir necessidade de pedir ajuda para aprender a controlar essas ações involuntárias, esses pensamentos, sentimentos e sensações que vem sem explicação.

O tempo passa e você vai aprendendo a distinguir as energias, mas o ponto principal de desenvolver a mediunidade é: uma vez que você começa parece que o mundo gira em torno disso num ciclo vicioso. Quanto mais você aprende a limpar as energias densas, mais você atrai. Se você aprende a receber, mais você recebe também. Ou seja, você basicamente vira um imã de tudo e todos.

Quanto mais você aprende, mais responsabilidades você adquiri. Só que chega um momento da vida que cansa. Doar e carregar tudo o tempo todo cansa. Se limpar o tempo todo cansa. E em determinado momento TUDO cansa, inclusive a nossa fé afinal, você trabalha, trabalha, trabalha e parece que tem UM momento de respiro e depois tudo vai oscilando novamente.

É neste momento que a gente percebe que casa nenhuma vai te colocar no céu.
Que para tamanha responsabilidade com a caridade externa é necessário uma responsabilidade igual para com o seu eu interno no sentido mais egoísta da palavra. Precisamos nos acolher, cuidar e respeitar para criar uma fonte de sustentação para o que nos chega. E isso, caros, o desenvolvimento fala mas não desenvolve. A especialidade deles é a energia, é o espirito carente, e não a compreensão do seu corpo emocional, da energia que é gasta pelos seus relacionamentos familiares, amorosos ou sociais. É  preciso olhar para si.

- Ah, mas eu escuto no centro, no thetahealing e na fisica quantica que se a gente comandar e acreditar nada nos atinge!

Sabe, eu tenho essa teoria de que médiuns desenvolvidos são em parte imunes a totalidade da física quântica, porque – quem é sensitivo aqui vai me entender-  por mais que você determine, acredite, comande sempre haverão laços entre você e as outras pessoas que inconscientemente vão atrair energias e polos de forma bruta e magnética. Os sentimentos são simples, mas o sistema não. As vezes eu sinto que existe um buraco que ninguém vê que nos conecta com as pessoas sem a nossa permissão, como se fossem aquelas letrinhas pequenas e miúdas no final do contrato que ninguém nunca lê, não entende, mas te persegue pelas beiradas.

Quando falamos no caminho do meio, caminho do amor, na verdade nada mais é que cuidar de si para cuidar do outro. Amar a si com suas luzes e sombras para aceitar o outro. E vou te falar mais uma coisinha pequenina, é difícil lidar com  os traumas da infância, com o relacionamento difícil com a mãe, com a mágoa daquele amor antigo.Todas as pessoas que temos forte ligação aparecem na nossa vida para nos desafiar e evoluir de certa forma, mas isso não significa que no processo não existem rastros. Nossas células precisam de tanta cura quanto esses irmãos para o qual você reza, trabalha ou despacha. Nosso DNA precisa de reprogramações urgentes!

E infelizmente não é o banho de ervas ou o trabalho feito que vai fazer isso, mas tudo o que você aprendeu ou está aprendendo é uma ferramenta para que você em sua humilde existência possa lidar com o que você não compreende e voltar para o momento presente. E no presente, eu te pergunto: o que você sente? Você ama o que sente? O que vê no espelho? Você acolhe?

Se abrace com a mesma responsabilidade e a mesma intenção quando você reza por proteção. Ser você mesma sem julgamentos ou falsas crenças é a maior proteção e a maior cura que você tem. Já se perguntou por quê aquela pessoa humilde do sertão que mal tem o que comer faz com o sorriso no rosto se ela não está na gira toda semana, não sente nada além do físico e não estuda ? Ela cura, porque sabe quem é, porque aceita quem é e sorri para si mesma.

Há alguns meses eu mudei minha perspectiva e parei de enxergar centros espíritas como lugares para queimar karmas, parei de trabalhar para me sentir merecedora de coisas boas. Passei a ver como uma ferramenta para trabalhar a minha mediunidade.

Mudei também a forma de enxergar o meu processo evolutivo como individuo levando em conta minha história, meus sentimentos, bloqueios e crenças inconscientes. Que alivio! A gente se esforça tanto para fazer as coisas certas quando no fim só precisamos fazer certo para nós mesmos. E que momento mágico é quando nos damos conta que ainda temos tantas coisas para desvendar e descobrir sobre nós e somos capazes de abraçar isso.





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